COP30: Será a "COP da verdade" para a implementação do Acordo de Paris?

Paris – O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, defende que a cúpula de Belém seja a “COP da verdade”, focada na implementação efetiva dos compromissos do Acordo de Paris e guiada pela ciência, dados e investimentos.
Corrêa do Lago destacou que o principal desafio da COP30, que será realizada em novembro próximo, será "passar da negociação para a implementação" e mobilizar todos os atores, não apenas governos, mas também instituições financeiras, setor privado e organizações multilaterais, para acelerar a transição ecológica.
"A verdade é a ciência, os números, os investimentos; é aí que se prova que o combate às mudanças climáticas é justo", disse Corrêa do Lago durante seu discurso na primeira edição da Semana do Clima e da Natureza em Paris, um novo evento europeu dedicado à transição ecológica e organizado pela Sciences Po.
O diplomata brasileiro reconheceu a dificuldade do contexto internacional, em especial a retirada dos Estados Unidos dos compromissos climáticos, mas argumentou que o objetivo da COP30 será "trazê-los de volta à conversa", contando com a liderança de governos, empresas e atores locais que permanecem comprometidos com a ação climática.
"Precisamos trabalhar mais para convencer o público de que esta não é uma agenda negativa, mas positiva", disse ele.
Petróleo na AmazôniaCorrêa do Lago também abordou os desafios que o Brasil, país-sede da COP30, enfrenta diante da recente autorização para explorar um novo campo de petróleo na Amazônia.
Ele observou que "precisamos ter um debate informado sobre a exploração de petróleo na Amazônia, porque não é uma questão simples ou emocional", e enfatizou que, apesar dessas tensões, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva está comprometido com a luta contra as mudanças climáticas.
Ele acrescentou que a transição energética do Brasil, com quase 99% da população tendo acesso à eletricidade e 90% da geração proveniente de fontes renováveis de energia, demonstra que "é possível avançar aliando desenvolvimento e sustentabilidade".
As florestas como uma solução climática fundamentalEle também destacou o papel das florestas como uma solução fundamental contra as mudanças climáticas: "As florestas podem ser uma das grandes soluções climáticas; elas não compensam todas as emissões, mas o fazem de forma muito significativa."
Ele citou um novo e inovador mecanismo de financiamento, administrado pelo Banco Mundial, que integra biodiversidade e comunidades locais e permitirá que os participantes obtenham retornos, mostrando exemplos concretos de ações positivas no Brasil e em outros países.
Ele também insistiu que a implementação das decisões adotadas desde o Acordo de Paris "será a verdadeira homenagem" ao trabalho dos ex-presidentes das cúpulas climáticas, reunidas na capital francesa sob a presidência de Laurent Fabius.
No mesmo evento, Fabius enfatizou que o acordo de 2015 continua sendo "um sucesso diplomático decisivo", apesar das atuais tensões geopolíticas.
Por sua vez, a vice-presidente da Comissão Europeia para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, alertou para a necessidade de manter o ritmo de descarbonização industrial e não "atrasar as transformações tecnológicas" que a Europa já está em condições de empreender.
Ribera, que inaugurou o evento na terça-feira, referiu-se especificamente ao setor automotivo, destacando que uma ação rápida é fundamental para garantir emprego e competitividade na transição verde. EFEverde
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